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Desvendando o Ciclo

Performance, Hormônios e a Atleta de Endurance: Uma Abordagem Baseada em Evidências

Infográfico: Ciclo Menstrual e Performance em Endurance

As Fases e Flutuações do Ciclo

O ciclo menstrual é uma dança hormonal complexa. Entender suas fases é o primeiro passo, mas a ciência mostra que seu impacto direto no desempenho de endurance é menos dramático do que se pensa.

Fase Folicular
(Início da Menstruação até Ovulação)
Fase Ovulatória
(Liberação do Óvulo)
Fase Lútea
(Pós-Ovulação até Menstruação)

Este gráfico ilustra as flutuações relativas dos principais hormônios ao longo de um ciclo menstrual típico. O estrogênio atinge seu pico antes da ovulação, enquanto a progesterona domina a fase lútea.

Performance de Endurance: O Veredito da Ciência

Estudos de alta qualidade, como o projeto FENDURA, mostram que, para a maioria das atletas, as fases do ciclo menstrual têm um impacto mínimo ou inexistente em variáveis críticas como VO2peak, limiar de lactato e tempo até a exaustão.

A comparação direta mostra que as diferenças de desempenho entre as fases são, em nível de grupo, triviais. A consistência no treino supera qualquer suposta "janela hormonal".

MITO
Periodizar o treino pela fase do ciclo?

A ideia de que você deve treinar mais leve ou mais pesado com base na fase do ciclo não é suportada pelas melhores evidências científicas atuais para esportes de endurance.

O Verdadeiro Fator: Gerenciando Sintomas

Se o desempenho não muda significativamente, por que muitas atletas se sentem diferentes? A resposta está nos sintomas. O impacto na percepção de esforço, humor e bem-estar é real e merece atenção.

Sintomas Comuns Relatados por Atletas:

  • 😫 Fadiga e Baixa Energia
  • 💧 Retenção de Líquidos e Inchaço
  • 😠 Alterações de Humor e Irritabilidade
  • 🤕 Dores (Cólicas, Dor Muscular)
  • 😴 Qualidade do Sono Afetada

A prevalência de sintomas mostra onde o foco deve estar: não em alterar drasticamente o treino, mas em estratégias de recuperação, nutrição e bem-estar para mitigar esses efeitos.

Estratégias Inteligentes: A Abordagem Individualizada

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Nutrição Flexível

Priorize a disponibilidade energética total. Ajustes sutis, como focar em carboidratos na fase folicular e garantir boa ingestão de gorduras na lútea, podem ajudar, mas sem rigidez. Hidratação é chave sempre.

🧘‍♀️

Treinamento Consciente

Ouça seu corpo. Se os sintomas estiverem fortes, ajuste a intensidade ou foque na recuperação. A consistência ao longo do mês é mais importante do que forçar um treino em um dia ruim.

🗓️

Monitoramento Pessoal

Use um app ou diário para registrar seu ciclo e sintomas. Identificar seus próprios padrões é a ferramenta mais poderosa para adaptar seu treino e estilo de vida de forma eficaz.

Seu corpo, suas regras.

Treine com inteligência, ouça seus sinais e foque na consistência.

Referências Bibliográficas
  1. Lisa R. De Souza, et al. "Menstrual cycle Phase Does Not Influence Performance-Determining Variables in Endurance-Trained Athletes: The FENDURA Project". Este estudo de 2024 é uma das mais importantes referências atuais, pois é uma pesquisa controlada e de alta qualidade que investiga diretamente a relação entre o ciclo e o desempenho em atletas de endurance, concluindo que não há influência significativa em nível de grupo.
  2. Caroline P. Smith, et al. "Effects of Menstrual Cycle Phase on Elite Athlete Performance". Esta revisão de 2021 destaca as evidências conflitantes na literatura, a falta de dados em atletas de elite e a importância de uma abordagem individualizada, baseada em sintomas, em vez de uma periodização rígida.
  3. Mariana S. L. de Paoli, et al. "Efeito do ciclo menstrual no desempenho em exercício físico: uma revisão rápida da literatura". Uma revisão brasileira que contextualiza a pesquisa e as diferentes abordagens metodológicas, mostrando a inconsistência dos resultados em estudos mais antigos.
  4. Ana Carolina de Jesus, et al. "O Ciclo Menstrual e a Atleta: Revisão e Recomendações Práticas". Este artigo aborda não apenas a performance, mas também a nutrição, o risco de lesões (como a do LCA) e a recuperação, fornecendo uma visão mais completa para o manejo do ciclo menstrual no esporte.
  5. Revisões Sistemáticas e Guias de Nutrição Esportiva, como os do Gatorade Sports Science Institute (GSSI), que enfatizam a importância da disponibilidade energética e de estratégias nutricionais flexíveis, em vez de rígidas, para atletas do sexo feminino.